Texto de Valéria Andrade Leal
O mês de junho é dedicado ao Coração de Jesus. Na
sexta-feira da semana seguinte à festa de Corpus Christi, é celebrada a festa
do Coração de Jesus. Trata-se de uma devoção estreitamente ligada à Eucaristia
visto que na Hóstia consagrada encontramos o coração pulsante de Jesus, como
atesta o milagre eucarístico de Lanciano (séc. VIII). A devoção tem raízes
bíblicas e remonta às primeiras comunidades cristãs que viram no lado aberto de
Cristo uma fonte de graça que jorra para a vida eterna (Jo 19,33-37; 4,14).
Na Bíblia, a palavra coração aparece quase 1.000 vezes e é
entendido como o centro dos sentimentos, da inteligência, das decisões, ou
seja, se refere à totalidade da pessoa humana. Ao expressar, por exemplo, “meu
coração exulta no Senhor” (1Sm 2,1), a expressão se refere à intensidade do
sentimento de gratidão que envolve a pessoa inteira, ou seja, ao mais profundo de seu ser. Assim, a
devoção ao Coração de Jesus refere-se à pessoa de Jesus Cristo no seu mais
profundo ser que se sintetiza no amor, na entrega total, na doação da própria
vida.
Mas como a espiritualidade do Coração de Jesus se relaciona
com a Pastoral da Educação?
Primeiramente precisamos ler os Evangelhos tentando perceber
qual a pedagogia de Jesus. Ele come com pecadores, lhes dá seu ensinamento, mas
não lhes coloca condições para fazer parte de seu grupo de adeptos. Age com
pura gratuidade sem exigir nada em troca. É o caso do encontro com Zaqueu (Lc
19,1-10), com a pecadora arrependida (Lc 7,36-50), com o centurião (Mt 8,5-17),
com a samaritana (Jo 4,1-28.39-42) e tantos outros que o seguiam. Entretanto, o
encontro com Jesus marcava profundamente e esta experiência levava a uma mudança
de vida, sem que isto lhe fosse imposto. A ternura que transbordava do coração
dEle fazia com que as pessoas recuperassem sua dignidade e, de cabeça erguida,
se colocassem na dinâmica do Reino por Ele anunciado.
Os fatos narrados na Escritura nos levam a crer que o
fundamento da pedagogia de Jesus era o amor. Esse amor refletia o profundo
relacionamento entre o Pai e o Filho e que transbordava para toda a humanidade.
Ao sentirem-se amados, crianças, jovens e adultos que dEle se aproximavam redescobriam
o que neles mesmos havia de melhor, de puro, de santo. Não é esse o papel da
educação em nossos dias? Ao recuperar sua dignidade, aqueles seguidores e
seguidoras de Jesus sabiam-se inseridos na sociedade e capaz de transformá-la a
partir de si mesmo, superando a exclusão por gênero, condição social e tradição
religiosa. Não seria essa a contribuição que educadores cristãos podem dar à
sociedade?
Neste sentido, cabe um aceno à questão da educação integral,
tão em voga nos meios educacionais. Ao falarmos de educação integral, pensamos
em educar para a capacidade de viver e conviver em ambientes diversos, com
pessoas de classe, condição, raça e religião diferentes e ser, neste meio, um
elemento agregador de solidariedade e não apenas de tolerância.
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