Neste mês de julho, mais uma vez somos interpeladas pelo Senhor a reexaminar nossa opção por Ele. Nossa vida consagrada é processo de constante conversão, constante mudança de direção: do caminho que afasta, para o caminho que nos aproxima de Deus.

Para rever a rota, somos convidadas a nos deixar guiar pelo Evangelho de Lc 12, 13-21.

A falta de diálogo[1]
Geralmente, esta parábola tem sido intitulada “Parábola do rico insensato”. A palavra “insensato” só aparece no v. 20; ademais, seria empobrecer a mensagem da parábola pensar que o problema do personagem consiste unicamente na acumulação de bens e numa maneira de possuir mais, totalmente estranha à fé em Deus. A parábola tem alcance muito maior. O verbo “dizer” é repetido várias vezes (vv. 17.18.19), num monólogo do personagem único, solitário e sem próximo. Esta observação, e se é necessário, pode nos levar a intitular a parábola deste modo: “O esquecimento fatal do diálogo”.
Esquecimento do diálogo com Deus, no que concerne ao rico proprietário (vv. 16ss), e do diálogo entre os dois irmãos acerca da partilha dos bens (vv. 13-14). O v. 15 faz a transição entre o pedido de arbitragem de um dos irmãos e a parábola.
A palavra traduzida por “ganância”, no v. 15, em grego exprime uma vontade de ter superioridade, um desejo de poder: “... pois mesmo que se tenha muitas coisas, a vida não consiste na abundância de bens” (v. 15).


Isto significa que a riqueza não impede a morte inesperada. A abundância, o ter, pode substituir Deus. Ao invés de nos fazer disponíveis, essa facilidade ou abundância é em que nós confiamos, de fato. Isto é uma ilusão: eu creio possuir, mas, de fato, eu sou possuído! O importante é a nossa maneira de possuir, isto é, o papel que tem no nosso ser profundo o que nós possuímos.
Resumidamente, a parábola nos faz perguntar: Você é por ou contra Deus? É esta a questão posta ao rico: “E para quem ficará o que acumulaste?” (v. 20). Cabe a nós, diante do Senhor, respondermos também a isto: O que é que me enriquece de bens que não se contabilizam, mas modelam meu rosto, num olhar sobre o mundo, sobre os outros e sobre mim mesmo?

Ø  Peça as luzes do Espírito Santo para que a Palavra de Deus haja como fogo que abrasa e como a chuva que lava.
Vinde Espírito Santo!
Vinde, Espírito Santo,
E dai-nos o dom da sabedoria,
Para que possamos avaliar todas
As coisas à luz do Evangelho
E ler nos acontecimento da vida
Os projetos de amor do Pai.
Dai-nos o dom do entendimento,
Uma compreensão mais
Profunda da verdade,
A fim de anunciar a salvação
Com maior firmeza e convicção.
Dai-nos o dom do conselho,
Que ilumina a nossa vida
E orienta a nossa ação segundo
Vossa Divina Providência.
Dai-nos o dom da fortaleza.
Sustentai-nos, no meio de tantas
Dificuldades, com vossa coragem,
Para que possamos
Anunciar o Evangelho.
Dai-nos o dom da Ciência,
Para distinguir o único necessário
Das coisas meramente importantes.
Dai-nos o dom da piedade,
Para reanimar sempre mais
Nossa íntima comunhão convosco.
E, finalmente, dai-nos o dom do
Vosso santo temor,
Para que, conscientes de
Nossas fragilidades,
Reconheçamos a força de vossa graça.
Vinde, Espírito Santo, e dai-nos um novo coração.

Leia atentamente o texto: Lc 12,13-21

A questão que o homem, no meio da multidão, leva Jesus a esclarecer que ele não veio para resolver interesses pecuniários ou de dinheiro. Para que acumular? O Mestre mais ensina a dar e partilhar do que a reclamar direitos. E toca a raiz do que vicia as relações humanas: o ter. Um grande profeta de nosso tempo, padre Alfredinho, dizia que “o que divide a comunidade é o dinheiro”. E o Salmo 49, salmo sapiencial sobre a condição do homem, recorda que a riqueza não é um seguro de vida. O rico da história que Jesus conta é um bom exemplo de confiança nas riquezas. No seu monólogo revela que seu horizonte é bastante pequeno: esta vida! A isto responde Deus: “Seu tolo. Esta noite você vai morrer”. Rico para Deus é quem ajuda o próximo, como diz o livro dos Provérbios: “Quem se compadece do próximo empresta a Deus” (Pr 19,17).

Ø  Outros textos: Sl 49; Mt 6,19-21; 19,16-23; Ant. Esp. pp. 235-244; EG 55-58.

Ø  Reflita: Quais são minhas preocupações? O meu horizonte termina nesta vida ou a cada dia, vislumbro o Reino que não tem fim? Qual meu novo olhar a partir da Palavra?




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