Ao ler os Evangelhos e todo o Novo Testamento encontra-se
uma mensagem de amor. Amor que é relação entre pessoas que se consideram iguais
em dignidade, merecedoras do mesmo respeito, de acolhida, de compreensão, de
perdão. Em João temos a grande lição e o mandamento: “amai-vos uns aos outros
assim como eu vos amei” (Jo 15, 12) e ainda: “Ninguém tem amor maior do que
aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). Nas cartas de Paulo, de João,
de Pedro, de Tiago encontram-se admoestações e conselhos para a vida em
comunidade. Existe a clara compreensão de que seguimento de Cristo se faz em
comunidade e pela comunidade, pois é justamente na convivência que se coloca em
prática os ensinamentos do Mestre que não era um eremita, um solitário, mas
alguém comprometido como outro, especialmente os mais fracos.
Ora, o cristianismo nasce comunitário, desenvolve-se
comunitariamente formando a Igreja lugar de colocar em prática o mandamento do
Senhor. Qual a raiz de tudo isso? A Igreja é obra da Trindade que é comunidade
e antes dela, a própria humanidade foi criada à imagem do Deus Trino. O ser
humano é chamado à comunhão porque criado por um gesto de amor infinito de um
Deus que não é para si mesmo, mas que é amor e amor implica em abertura ao
outro, acolhimento, serviço. Como diz Bruno Forte (1994, p. 19) “para amar, é
preciso que haja pelo menos dois, em relacionamento tão rico que se abra ao
outro”, assim, “Deus é comunhão de três, o Amante, o Amado e o Amor recebido e
dado” – Pai, Filho, Espírito Santo.
A humanidade, então, é fruto desse amor Trinitário que
transborda e quer comunicar-se. Assim, a pessoa e o mundo são o palco onde a
Trindade apresenta essa história de amor.
Mais que conceito, dogma, a Trindade é amor, ou melhor,
experiência de amor que transborda do Coração de Deus para o coração humano. Ao
“deixar-se amar, aceitando o amor” (Forte, 1994, p. 22) o ser humano, amado, é impelido
a amar, ou seja, a sair de si mesmo em direção ao outro para servi-lo,
acolhê-lo, sentir com ele as alegrias e as tristezas, tornando-se participante
da obra redentora da Trindade para o mundo num ato de fé incondicional, de
retribuição que é gratidão.
Desta forma, viver a fé em Jesus Cristo, fé que é adesão
livre e plena, incondicional, é deixar-se transformar pelo amor do Pai que se
revela na história, movido pelo Espírito que “torna presente a caridade de Deus
em nossos corações” (Forte, 1994, p. 20) e fazer-se pedra para a construção
desse Reinado de amor sobre a humanidade.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BOFF, Leonardo. A Santíssima Trindade é a melhor Comunidade. São Paulo: Vozes,
1989.
FORTE, Bruno. Introdução à fé. Aproximação ao mistério de Deus. São Paulo:
Paulus, 1994.
TILLICH, Paul. Dinâmica da Fé. São Leopoldo: Sinodal, 2002.
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